quarta-feira, 26 de abril de 2006


EFEMÉRIDE - Mário de Sá-Carneiro, poeta, contista e ficcionista, um dos grandes expoentes do Modernismo em Portugal e um dos mais reputados membros da Geração d’Orpheu, morreu em Paris faz hoje 90 anos (26 de Abril de 1916). Nascera em 19 de Maio de 1890. Órfão de mãe com apenas dois anos, ficou entregue ao cuidado dos avós, indo viver para a Quinta da Vitória, na freguesia de Camarate, então às portas de Lisboa, aí passando grande parte da infância.
Iniciou-se na poesia com doze anos e, aos quinze, já traduzia Victor Hugo e, com dezasseis, Goethe e Schiller.
Em 1911, com dezanove anos, foi estudar para Coimbra, onde veio a conhecer aquele que seria, sem dúvida, o seu melhor e mais compreensivo amigo – Fernando Pessoa. Desiludido com a «cidade dos estudantes», seguiu para Paris a fim de prosseguir os estudos superiores, com o auxílio financeiro do pai. Cedo, porém, deixou de frequentar as aulas na Sorbonne, dedicando-se a uma vida boémia, deambulando pelos cafés e salas de espectáculo, chegando a passar fome e debatendo-se com os seus desesperos.
Inadaptado socialmente e psicologicamente instável, foi neste ambiente que compôs grande parte da sua obra poética e a correspondência com o seu confidente Pessoa; é pois entre 1912 e 1916 (o ano da sua morte) que decorre a sua fugaz mas brilhante carreira literária.
Com Pessoa, e ainda Almada-Negreiros, integrou o primeiro grupo modernista português, sendo responsável pela edição da revista literária Orpheu, um verdadeiro escândalo literário na época, motivo pelo qual saíram apenas dois números.
Em Julho de 1915 regressa a Paris mas, uma vez que a vida que levava não era do seu agrado e aquela que idealizava tardava em se concretizar, entrou numa cada vez maior angústia, que viria a conduzi-lo ao suicídio, perpetrado no Hôtel de Nice, no bairro de Montmartre em Paris, com o recurso a cinco frascos de veneno. Extravagante tanto na morte como na vida, convidou o amigo José de Araújo para presenciar a sua agonia.
Reconhecido no seu tempo apenas por uma fina elite, à medida que a sua obra e correspondência foi publicada, ao longo dos anos, tornou-se acessível ao grande público, sendo actualmente considerado um dos maiores expoentes da literatura moderna em língua portuguesa. Embora não tenha a mesma repercussão de Fernando Pessoa, a sua genialidade é tão grande (senão maior) que a de Pessoa.
O seu poema Fim foi musicado pelos Trovante e, mais tarde, o seu poema « foi também musicado pela cantora brasileira Adriana Calcanhoto.

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