sábado, 9 de dezembro de 2006

EFEMÉRIDE - Clarice Lispector, escritora brasileira, morreu no Rio de Janeiro, em 9 de Dezembro de 1977, vítima de cancro. Nascera na Ucrânia, em Tchetchelnik, no dia 10 de Dezembro de 1920.
A sua família, de origem judaica, emigrou para o Brasil, quando ela tinha dois anos de idade. Por decisão do pai, o seu nome foi mudado de Haia para Clarice.
Em 1930, portanto com dez anos, uma ida ao teatro inspirou-a para escrever "Pobre menina rica", uma peça em três actos, cujo original foi perdido. Seu pai resolveu adoptar a nacionalidade brasileira. Clarice lia muitos livros emprestados ou alugados em bibliotecas, clássicos brasileiros e portugueses e também o russo Dostoievski. Com dificuldades financeiras, dava aulas particulares de português e matemática e, pelo seu lado, aprendia inglês e dactilografia.
Em 1939, iniciou os seus estudos de Direito (que terminaria em 1943), fazia traduções e trabalhava como secretária. Em 1940, trabalhou como jornalista. Com o seu primeiro salário, comprou um livro de Katherine Mansfield, traduzido para português por Erico Veríssimo.
Em 1942, publicou o seu primeiro romance Perto do coração selvagem. O seu estilo de escrita, levou uma escritora e filósofa francesa a dizer que havia uma literatura brasileira A.C. (Antes de Clarice) e D.C. (Depois de Clarice).
Em 1944, em plena guerra, vai para Nápoles, onde o seu marido, diplomata, tinha sido colocado. Dá assistência a brasileiros feridos na guerra e depois viaja pela Europa. Volta ao Brasil por pouco tempo e vai morar em Berna, na Suiça, para onde o seu marido tinha sido designado.
De regresso ao Brasil, em 1952, volta a trabalhar em jornais durante cinco meses, indo depois para os Estados Unidos por oito anos. Em 1954, viu um dos seus livros traduzido para francês e publicado pela célebre Editora Plon, com capa do consagrado Henri Matisse.
Depois de se separar do marido, em 1959, iniciou uma rubrica no jornal "Correio da Manhã", intitulada "Correio feminino — Feira de utilidades" e tornou-se colunista de vários jornais, para ganhar o dinheiro suficiente para a compra de um apartamento.
Em 1966, um incêndio provocado por um cigarro aceso, deixou-a em perigo de vida e quase sem a mão direita. Salvou-se, mas caiu em depressão.
Continuou porém a escrever e a fazer traduções. Em 1974, o seu cão mordeu-lhe o rosto, fazendo com que se submetesse a uma cirurgia plástica realizada pelo seu amigo Dr. Pitanguy.
Em 1977, a revista "Fatos e Fotos Gente" publicou uma entrevista feita pela escritora a Mário Soares, primeiro-ministro de Portugal.
O seu romance mais famoso será A hora da estrela, o último que publicou. Escolher o seu melhor romance é, no entanto, bastante discutível. Há quem opte por A Paixão Segundo G.H. e Água Viva.
Em artigo publicado no jornal "The New York Times", no dia 11/03/2005, a escritora foi descrita como o equivalente de Kafka na literatura latino-americana.

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