quinta-feira, 8 de março de 2007

EFEMÉRIDE - João de Deus de Nogueira Ramos, poeta e pedagogo, nasceu em São Bartolomeu de Messines, no dia 8 de Março de 1830. Faleceu em Lisboa, em 11 de Janeiro de 1896, sendo sepultado no Panteão Nacional. Em virtude das dificuldades económicas dos pais, não pôde seguir logo a carreira universitária. Começou por estudar Latim e ingressou no Seminário de Coimbra, que era então o local onde os mais pobres podiam prosseguir os estudos. Aos 20 anos, porque a vida eclesiástica não o atraía, ingressou na Universidade de Coimbra, para estudar Direito. Teve uma vida atribulada no que respeita aos estudos, levando dez anos para completar o curso. Logo que entrou na Universidade, começou a escrever poemas, que circulavam em folhas manuscritas e eram vendidas para obter o dinheiro necessário para sobreviver. Os primeiros poemas que se lhe conhecem são de 1851 e foram publicados na Revista Académica. João de Deus era uma pessoa triste e com carácter passivo. Eram os amigos e colegas de estudo que o ajudavam a publicar as poesias na imprensa da época. Em virtude destas publicações, a sua reputação de poeta foi crescendo. Depois de acabar a licenciatura, ficou ainda em Coimbra, mas dedicando-se mais à literatura do que à advocacia. Colaborou em vários jornais e esteve mesmo em Beja, como redactor do periódico “Bejense”. Dois anos depois, regressou à sua terra natal, mas em breve partia para Lisboa. Na capital, passou privações, mas nem por isso procurou uma forma estável de ganhar a vida, apesar de trabalhar imenso. Frequentava cafés e tertúlias, fazia traduções e escrevia sermões e hinos para cerimónias religiosas. Numa daquelas tertúlias, nasceu a ideia de tentar a eleição de João de Deus para deputado das Cortes o que, embora com dificuldade, veio a acontecer em 1868. Pretendia-se desse modo que ele ganhasse o suficiente, de modo seguro, para viver decentemente. João de Deus “deixou-se ir” a contraposto. A “aventura” apenas duraria um ano e o poeta só viria a garantir a sua estabilidade económica por intermédio do casamento, com uma de senhora de boas famílias. Começou então a publicar as suas obras de um modo mais sistemático.Envolveu-se também nas campanhas de alfabetização, escrevendo a Cartilha Maternal e o "método de ensinar a leitura às crianças", que o viria a distinguir como grande pedagogo e que seria adoptado como método nacional de ensino da língua portuguesa. Escreveu vários "livros de apoio aos professores" e tornou-se numa das figuras mais populares do fim do século XIX, em Portugal. Foi agraciado com a grã-cruz da Ordem de Santiago da Espada pelo rei D. Carlos. João de Deus escreveu também fábulas e obras destinadas ao Teatro. Das escolas onde se ensinou, segundo o seu método, ainda resta a Associação de Jardins-escola João de Deus, uma Instituição Particular de Solidariedade Social dedicada à educação e à cultura, com cerca de um milhar de pessoas ao seu serviço, repartidas por cerca de 40 escolas.

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