quarta-feira, 3 de setembro de 2008

EFEMÉRIDEAntónio Sérgio de Sousa, importante intelectual e pensador português, nasceu em Damão, então “Índia Portuguesa”, em 3 de Setembro de 1883. Faleceu em Lisboa no dia 24 de Janeiro de 1969.
Foi influenciado por diversas culturas, desde logo pela da Índia onde nasceu e pela de África onde viveu vários anos.
Estudou no Colégio Militar, completando o curso da Marinha de Guerra, na sequência do qual viajou para Cabo Verde e Macau. Abandonou a Marinha quando da implantação da República em 1910. António Sérgio não achava importante a questão república/monarquia. Importante para ele era o progresso económico e moral dos portugueses. A sua acção foi basicamente voltada para os problemas da Educação. Quanto Sérgio nasceu, a população portuguesa pouco passava dos cinco milhões, era um país eminentemente rural e com mais de 80% de analfabetos. Para os republicanos a instrução era uma via fundamental para a prosperidade e consideravam que os professores primários deveriam ter um papel importante no desenvolvimento do País.
Apesar de muita legislação, na prática a 1ª República não modificou grandemente a situação educacional em Portugal. Em onze anos houve nada menos de quarenta ministros da Instrução Pública, entre eles António Sérgio durante pouco mais de dois meses. A partir de 1928, com a nomeação de Salazar para ministro das finanças, os partidários da ditadura, Salazar incluído, consideravam que o combate ao analfabetismo era desnecessário: «A parte mais linda, mais forte e mais saudável da alma portuguesa, reside nos seus 75% de analfabetos»!… Em 1932, o Diário do Governo publicou 113 frases (de Salazar a Mussolini) como por exemplo: «Se tu soubesses o que custa mandar, gostarias mais de obedecer toda a vida!». Estas frases destinavam-se a ser expostas nas paredes das escolas.
Foi neste contexto que viveu António Sérgio, tentando remar contra a maré. Fundou a revista Pela Grei; colaborou na revista Águia, com homens como Teixeira de Pascoaes e Fernando Pessoa; escreveu na revista Seara Nova, onde se encontravam Aquilino Ribeiro, Raul Brandão, Azeredo Perdigão e tantos outros; foi director da "Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira"; escreveu uma imensa obra teórica em grande parte reunida nos seus “Ensaios”; lançou em Portugal a ideia do Cooperativismo, que se viria a revelar a sua obra mais duradoura, nomeadamente ao nível das cooperativas de habitação; criou o ensino para deficientes e teve ainda tempo para fundar o Instituto Português de Oncologia.
Foi professor, nomeadamente da Universidade de Santiago de Compostela, tendo influenciado personalidades como Barahona Fernandes - um dos mais distintos psiquiatras portugueses, o arquitecto Raul Lino, o pedagogo Rui Grácio e o político Mário Soares.
António Sérgio foi, como se depreende, um importante opositor ao regime de Salazar, tendo sido preso em 1933, 1935, 1948 e 1958. A propósito, escreveu: «Foi na prisão que encontrei a verdadeira “união nacional” dos opositores ao regime».
Pode dizer-se, em síntese, que o essencial da actividade política de Sérgio foi a sua ligação à Democracia e à Liberdade, como via principal para a Educação e para a Cultura.

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