segunda-feira, 22 de setembro de 2008

EFEMÉRIDEMarcel Mangel, mais conhecido como Marcel Marceau ou “Mime Marceau”, o mímico mais popular de todo o mundo, faleceu em Cahors no dia 22 de Setembro de 2007. Nascera em Estrasburgo, França, em 22 de Março de 1923. Foi ele quem fez reviver a arte da mímica no período pós-guerra.
Oriundo de uma família judaica de origem polaca, foi forçado a fugir de casa aos 16 anos, no começo da 2ª Guerra Mundial, passando a viver em Périgueux. Juntou-se mais tarde às Forças Francesas Livres de Charles de Gaulle em Limoges e, devido ao seu domínio da língua inglesa, trabalhou como oficial de ligação com o exército do general Patton. O pai, açougueiro, foi preso pela Gestapo e morreu no campo de concentração de Auschwitz.
Entusiasmou-se pela mímica ao ver Charlie Chaplin. Após a guerra, matriculou-se na Escola de Arte Dramática de Charles Dullin em Paris. Com um talento excepcional, Marcel Mangel, que tinha entretanto mudado o apelido para Marceau, afim de evitar perseguições e discriminações por ser de origem judaica, foi integrado numa companhia de teatro, para fazer o papel de Arlequim. O desempenho foi tão bem recebido que se sentiu incentivado para representar o seu primeiro “mimodrama” no Teatro Sarah Bernhardt. A crítica positiva foi unânime e a carreira de Marceau, como mímico, começou desde logo a consolidar-se.
Inspirando-se em comediantes como Chaplin, Buster Keaton, Irmãos Marx, nos "clowns" da Comédia Dell’arte italiana, além dos gestos estilizados da ópera chinesa e do teatro japonês Noh, Marceau criou Bip, o palhaço de cara pintada, casaco às riscas e chapéu de seda com uma flor espetada, significando a fragilidade da vida (1947). As desventuras de Bip fizeram com que Marceau fosse reconhecido como um fora de série. Os seus exercícios silenciosos, que incluíam trabalhos clássicos e sátiras de tudo e de todos, foram descritos como trabalhos de génio. Em 1949, após receber o “Prémio Deburau”, formou a sua “Compagnie de Mime Marcel Marceau”, única companhia de pantomima do mundo naquela época. Actuou nos principais teatros de Paris assim como noutras casas de espectáculo mundiais. Em 1959-60, uma retrospectiva dos seus “mimodramas” esteve em cartaz durante um ano, no Amibigu Théâtre em Paris. Actuou no mundo inteiro a fim espalhar a "arte do silêncio": Estados Unidos, Canadá, América do Sul, África, Austrália, China, Japão, Sudeste Asiático, Rússia e Europa. A sua última digressão cobriu os Estados Unidos em 2004, a Europa em 2005 e a Austrália em 2006. A arte de Marceau tornou-se familiar a milhões de pessoas mercê também das suas apresentações na televisão. O seu primeiro trabalho na TV ganhou o cobiçado prémio Emmy.
Mostrou igualmente a sua versatilidade em alguns filmes, como “First Class”, em que representou 17 personagens diferentes. Publicou vários livros, incluindo fotografias para crianças, poesias e ilustrações.
Em 1978 criou a sua própria escola em Paris: “École Internationale de Mimodrame Marcel Marceau”. Em 1996 criou a “Marceau Foundation” para promover a sua arte nos Estados Unidos.
O governo francês conferiu-lhe a honra mais elevada, fazendo dele "Oficial da Legião de Honra" e, em 1978, recebeu a "Médaille Vermeil de la Ville de Paris". Em Novembro de 1998 foi nomeado "Oficial Nacional da Ordem ao Mérito". Era membro eleito das Academias de Belas Artes de Berlim e de Munique e da “Academia de Belas Artes do Institut de France”. Recebeu ainda o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado de Ohio, do Linfield College, da Universidade de Princeton e da Universidade de Michigan.
Em 2002, Marceau aceitou a honra e a responsabilidade de servir como Embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas para o Envelhecimento.
Morreu de crise cardíaca aos 84 anos, sendo inumado no célebre cemitério Père-Lachaise em Paris.

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