segunda-feira, 18 de maio de 2009

EFEMÉRIDECharles Trenet, cantor francês, nasceu em Narbonne no dia 18 de Maio de 1913. Faleceu em Créteil, em 19 de Fevereiro de 2001.
Foi vítima de preconceitos por assumir abertamente a sua homossexualidade e obrigado também a provar que não era judeu, na França ocupada pelos nazis. Charles Trenet produziu uma série imensa de sucessos discográficos. Um deles - Douce France - tornou-se mesmo hino da Resistência, durante a ocupação alemã.
Cantor, compositor, autor de cerca de mil canções, artista plástico, poeta e escritor, revolucionou a música francesa nos anos 1940, com versos inspirados na estética de poetas como Paul Éluard e Jacques Prévert. Por sua vez, Charles Trenet influenciou compositores e intérpretes que lhe sucederam: Charles Aznavour, Jacques Brel e George Brassens, entre outros.
Viveu uma infância solitária e o pai orientou-o no caminho da música. A mãe abandonou o lar, quando Charles tinha apenas sete anos. Aos nove anos, morando em Perpignan onde cresceu, foi mandado para um internato religioso em Béziers.
Voltou para casa com problemas psicológicos e para convalescer de uma febre tifóide. Foi por essa época que emergiu nele a sensibilidade artística (modelagem, música e pintura).
Aos 15 anos, foi para Berlim viver com a mãe e o seu segundo marido, que lhe proporcionou a possibilidade de frequentar uma escola de arte.
Em 1930, voltou a França e, com a permissão do pai, entrou para a Escola das Artes Decorativas. Terminado o curso, trabalhou como assistente de direcção e assessor, em estúdios cinematográficos. Relacionou-se com Jean Cocteau e Max Jacob e viu publicados os seus primeiros poemas.
Em 1933, conheceu um jovem pianista, Johnny Hess, com quem formou o duo "Charles e Johnny". A dupla compôs jingles publicitários para a rádio e fez muito sucesso, misturando música tradicional francesa com as tendências modernas. O duo acabou quando os dois artistas foram cumprir o serviço militar obrigatório.
Ao regressar, Trenet criou um visual original, usando a sua experiência de artista plástico: a aba do chapéu arredondada como uma auréola, um fato vermelho e um sorriso constante, iluminado pelos seus olhos azuis.
Durante a Segunda Guerra Mundial, mesmo sendo um homem marcado pelas suas preferências sexuais e pela amizade com artistas judeus, Charles Trenet resolveu continuar em França. As suas canções, verdadeiros hinos à liberdade, foram censuradas pelo governo colaboracionista de Vichy. Ferido por membros da Gestapo durante um interrogatório, tornou-se uma glória nacional.
Terminada a guerra, Charles Trenet partiu à conquista dos Estados Unidos, onde se tornou amigo de Gershwin, Duke Ellington, Louis Armstrong, Chaplin e da dupla "Bucha e Estica". Percorreu durante dois anos o continente americano, sobretudo o Canadá e o Brasil.
Veio em seguida o reconhecimento do resto do mundo. O sucesso durou até aos anos 60, quando a febre do rockn'roll alcançou também a França, dando lugar a novos cantores, como Johnny Halliday, Richard Anthony e Françoise Hardy. Passou a actuar apenas em cabarets.
A partir de 1977, por morte da mãe, com quem mantinha uma forte ligação, afastou-se dos espectáculos durante uma década. Passou esta semi-reforma numa mansão do sul de França, onde escreveu muitos romances e um livro de memórias.
Recebeu a Legião de Honra e o Grande Prémio das Artes e das Letras, e retomou a carreira. Dois anos depois, publicou o seu último disco e aderiu à campanha presidencial de François Mitterrand (1988).
Aos 85 anos, cantou no Festival de Nyon, na Suíça, para uma plateia de 20 mil pessoas que conheciam o seu reportório de cor. Depois, em 1999, na Sala Pleyel, em Paris, o público emocionado aplaudiu o seu ídolo que se movimentava já com enorme dificuldade, mas cantava ainda com o mesmo entusiasmo dos vinte anos.
Em Abril de 2000, sofreu um acidente cardiovascular, restabeleceu-se e compareceu à inauguração do pequeno museu instalado na sua casa natal, em Narbonne, situada na rua que seria baptizada mais tarde com o seu nome. Morreu numa madrugada de Fevereiro de 2001. Ao saber da sua morte, o presidente da França, Jacques Chirac, declarou: «Trenet era o símbolo de uma França sorridente e criativa, figura muito próxima de cada um de nós».

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