terça-feira, 11 de agosto de 2009

EFEMÉRIDE Pedro Nunes, matemático e cosmógrafo português, faleceu em Coimbra no dia 11 de Agosto de 1578. Nascera em Alcácer do Sal, em 1502.
Dedicou-se também aos problemas matemáticos da cartografia, sendo ainda o inventor de vários aparelhos de medida, incluindo o nónio (nonius - o seu apelido em latim).
Em 1537 traduziu para português o “Tratado da Esfera de Sacrobosco”, os capítulos iniciais das “Novas Teóricas dos Planetas de Purbáquio” e o livro primeiro da “Geografia de Ptolomeu”.
Em 1544 foi-lhe confiada a cátedra de matemática da Universidade de Coimbra, a maior distinção que se podia conferir naquela época a um matemático.
Subsistem ainda hoje dúvidas sobre a origem familiar de Pedro Nunes. Judeu ou não, o certo é que os seus netos Matias Pereira e Pedro Nunes Pereira foram presos e condenados pela Inquisição, acusados de serem judeus.
A infância de Pedro Nunes é pouco conhecida. Sabe-se que estudou na Universidade de Salamanca, talvez de 1521 a 1522, e na Universidade de Lisboa (que mais tarde veio a ser a Universidade de Coimbra) onde fez a sua graduação em medicina em 1525. No século XVI, a medicina usava a astrologia e assim ele também aprendeu astronomia e matemática. Pedro Nunes continuou os seus estudos em medicina, mas leccionou igualmente várias disciplinas na Universidade de Lisboa, incluindo moral, filosofia, lógica e metafísica. Quando, em 1537 a universidade voltou para Coimbra, ele foi para lá ensinar matemática, cargo que manteve até 1562. Esta era uma nova disciplina na Universidade de Coimbra e foi criada com o intuito de fornecer as instruções técnicas necessárias para a navegação, que se tornara bastante importante em Portugal, num período em que o domínio do comércio marítimo era essencial para o país.
Além de se dedicar ao ensino, foi nomeado “Cosmógrafo Real” em 1529 e “Cosmógrafo - mor”, de 1547 até à sua morte.
Em 1531, o Rei D. João III encarregou Pedro Nunes da educação dos seus irmãos mais novos, Luís e Henrique. Anos depois, foi também responsável pela educação do neto do rei (e futuro rei), Sebastião.
Pedro Nunes viveu num período de transição, onde a ciência mudou de uma índole teórica (e onde o principal papel dos cientistas era comentar os trabalhos dos autores precedentes), para a efectivação de dados experimentais, ambos como forma de informação e como método de confirmar as teorias existentes. Nunes foi acima de tudo um dos últimos grandes comentadores, como mostra o seu primeiro trabalho publicado, mas também reconhecia a importância da experimentação.
Pedro Nunes estava ciente de que o conhecimento científico devia ser partilhado. Assim, o seu trabalho original era impresso em três línguas diferentes: Português, Latim e Espanhol, o que foi considerado surpreendente por alguns historiadores, dado que Espanha era então o principal adversário de Portugal no domínio marítimo.
Foi ele o primeiro a perceber porque é que um navio que mantivesse uma rota fixa não conseguiria navegar através de uma circunferência, o caminho mais curto entre dois pontos na terra, mas deveria antes seguir uma rota em espiral chamada loxodrómica. A posterior invenção dos logaritmos permitiram a Leibniz estabelecer a respectiva equação algébrica.
No seu Tratado em defesa da carta de marear, Nunes argumentou que uma carta náutica deveria ter circunferências paralelas e meridianos desenhados como linhas rectas. Ele também se mostrava capaz de resolver todos os problemas que isto causava, uma situação que durou até Mercator desenvolver a “projecção de Mercator”, o sistema que é usado até hoje.
Pedro Nunes dedicou-se igualmente ao estudo matemático de máquinas simples (plano inclinado, roda, alavanca…).
Foi um dos maiores vultos científicos do seu tempo, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento da navegação, essencial para as descobertas portuguesas.

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