terça-feira, 17 de novembro de 2009

SER POETA…

“Ser poeta” é um tema que tem sido muito abordado por prosadores, poetas e pensadores de todo o mundo. Cada um tem as suas opiniões, nem sempre coincidentes, por vezes até antagónicas.
Normalmente os poetas têm uma sensibilidade muito particular e apurada, bem assim como um poder de síntese que lhes permite transmitir um máximo de ideias com um mínimo de palavras.
Uns são mais espontâneos e repentistas: a poesia nasce-lhes, quase já feita, quando acaba de ser imaginada. Outros trabalham as palavras, como se estivessem a gravar os poemas em delicado mármore. Nuns e noutros, mais do que na prosa, há uma musicalidade, uma melodia e um ritmo na escolha das palavras, no modo como elas se encontram, como elas se combinam ou como elas se entrecruzam. Uns procuram fazê-lo através de rimas ou no modo como arrumam os vários versos. Outros não precisam dessas regras quase espartanas e fazem-no de modo livre.
Os poetas têm orgulho naquilo que escrevem, mas sentem-se por vezes inseguros, necessitando da opinião de alguém para os convencer da validade do que passaram ao papel.

O poeta gosta de viver e sonhar, por vezes até de fingir ou inventar. Como disse Fernando Pessoa, «O Poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente».
Disse Florbela Espanca num dos seus poemas: «Ser poeta é ser mais alto, é ser maior... É ter cá dentro um astro que flameja… É ter fome, é ter sede de Infinito… É amar, assim, perdidamente… E dizê-lo cantando a toda a gente».
O poeta olha as coisas de modo diferente. Glorifica o que os outros porventura até podem ignorar. Salienta o que a outros passa despercebido. Vê a beleza de algo em que ninguém já repara, à força de ser observado tantas vezes.
Segundo Platão, «Todo o homem é poeta quando está apaixonado”. Mesmo sem versejar, ele exprime poeticamente aquilo que diz, que não é mais do que o reflexo daquilo que sente.

Ser poeta é ser diferente, apesar de igual… É ver o que os outros vêem, mas de modo diverso. É transformar o negro/cinzento da vida num mundo multicolor, mas pode também ser o seu inverso, transformando por vezes as cores em tons escuro/acinzentados.
Ser poeta é, afinal, olhar o Universo, traduzindo o que vê em palavras ritmadas, que possam atrair a atenção e sensibilizar os seus leitores.

Gabriel de Sousa


NB – Menção Honrosa no 1º Concurso Literário da Casa Museu Profª Maria José Fraqueza – Fuseta - 2009

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