quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

EFEMÉRIDEJoão Baptista da Silva Leitão de Almeida, mais tarde visconde de Almeida Garrett, escritor e dramaturgo romântico, poeta, orador, Par do Reino, ministro e secretário de Estado honorário português, morreu em Lisboa no dia 9 de Dezembro de 1854, vítima de doença cancerosa. Nascera no Porto em 4 de Fevereiro de 1799.
Grande impulsionador do teatro em Portugal e uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.
Na adolescência, viveu nos Açores (Ilha Terceira), quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal. Foi educado pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra. Em 1816 foi para Coimbra, onde se matriculou no curso de Direito. Em 1821 publicou “O Retrato de Vénus”, trabalho que fez com que lhe pusessem um processo por ser considerado «materialista, ateu e imoral». Foi também neste ano que ele e sua família passaram a usar o apelido de Almeida Garrett.
Participou na revolução liberal de 1820, exilando-se depois em Inglaterra (1823) após a “Vilafrancada”. Antes, casara-se com Luísa Midosi, uma jovem de apenas catorze anos. Foi em Inglaterra que tomou contacto com o movimento romântico, descobrindo Shakespeare, Walter Scott e outros autores. Visitou também castelos feudais, ruínas de igrejas e abadias góticas, vivências que se reflectiram na sua obra posterior.
Em 1824, pôde partir para França e, nessa viagem, escreveu o muitíssimo conhecido Camões (1825) e Dona Branca (1826), não tão conhecido mas não menos importante, poemas geralmente considerados como as primeiras obras da literatura romântica em Portugal. Em 1826 regressou a Portugal, dedicando-se ao jornalismo e fundando e dirigindo o jornal diário “O Português” (1826-1827) e o semanário “O Cronista” (1827).
Foi obrigado a abandonar novamente o País em 1828, com o regresso do Rei absolutista D. Miguel. Exilado em Inglaterra, publicou “Adozinda”.
Juntamente com Alexandre Herculano e Joaquim António de Aguiar, tomou parte no Desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto em 1832 e 1833.
A vitória do Liberalismo permitiu-lhe instalar-se de novo em Portugal, após curta estadia em Bruxelas como cônsul-geral e encarregado de negócios, onde leu Schiller, Goethe e Herder. Em Portugal exerceu cargos políticos, distinguindo-se nos anos 30 e 40 como um dos melhores oradores nacionais. Foram também de sua iniciativa a criação da Inspecção-Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do Teatro Normal (actualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa). Mais do que construir um teatro, Garrett procurou porém renovar a produção dramática nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.
Almeida Garrett afastou-se da vida política até 1852. Contudo, em 1850, subscreveu, com mais de 50 personalidades, um protesto contra a proposta sobre a liberdade de imprensa, mais conhecida pela “lei das rolhas”.
A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra. Após os períodos revolucionários, distinguiu-se como o tipo perfeito de dândi, tornando-se árbitro de elegâncias e príncipe dos salões mundanos. Foi um homem de muitos amores, uma espécie de “homem fatal”.
Por decreto do Rei D. Pedro V de Portugal (Junho de 1851) foi feito Visconde de Almeida Garrett. Em 1852 ocupou, por poucos dias, a pasta dos Negócios Estrangeiros no governo presidido pelo Duque de Saldanha.
No século XIX e em boa parte do século XX, a obra literária de Garrett foi considerada como uma das mais geniais da língua portuguesa, apenas inferior à de Camões. A crítica do século XX (sobretudo João Gaspar Simões) veio questionar esta apreciação. No entanto, a obra de Garrett conservará para sempre o seu lugar na história da literatura portuguesa, pelas inovações que a ela trouxe e que abriram novos rumos aos autores que se lhe seguiram. Garrett merece ser considerado o autor mais representativo do romantismo em Portugal.

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