sábado, 11 de junho de 2011

EFEMÉRIDEVasco dos Santos Gonçalves, militar e político português, morreu em Almancil no dia 11 de Junho de 2005. Nascera em Lisboa, em 3 de Maio de 1922.
Filho de Victor Gonçalves, homem de negócios e futebolista do Sport Lisboa e Benfica, tinha um ideário próximo dos comunistas, se bem que nunca tenha sido membro do PCP. O pai era um salazarista convicto. Apesar de tudo e mesmo com os pais separados, manteve sempre com os dois um óptimo relacionamento.
Estudou Engenharia na Universidade de Coimbra, regressando depois a Lisboa para ingressar na Escola do Exército, onde prosseguiu a via da engenharia, na sua dimensão militar.
Não obstante o seu interesse pelos assuntos do processo histórico e pelo estudo de clássicos do marxismo, Vasco Gonçalves passou ao lado de várias organizações de resistência à ditadura, muito por força do isolamento político e social em que viviam as forças armadas. Ainda assim, procurou dinamizar o estudo de textos progressistas na Escola do Exército e, em 1945/1946, tornou-se director da Sala de Estudo da Escola, assinando por exemplo a revista “Seara Nova”. Entre 1952 e 1954 foi instrutor de Táctica de Engenharia e, depois, adjunto de Estradas, Caminhos-de-ferro e Aeródromos, assim como adjunto na cadeira de Pontes e Túneis. Nesse período também passou pela Base das Lajes, nos Açores.
Entre 1955 e 1957 serviu o exército na Índia, comandando a Companhia de Engenharia. Foi o seu primeiro contacto directo com o colonialismo. Teria estado implicado numa tentativa de golpe de estado em 1959.
Em 1965 partiu para Moçambique. Regressado a Portugal no fim da missão, voltou a partir para África em 1970, desta vez para Luanda.
Surgiu no “Movimento dos Capitães” em Dezembro de 1973, numa reunião alargada da sua comissão coordenadora efectuada na Costa da Caparica. Coronel de engenharia, viria a integrar a Comissão de Redacção do Programa do Movimento das Forças Armadas, passando a ser o elemento de ligação com o general Costa Gomes.
Membro da Comissão Coordenadora do MFA, foi mais tarde primeiro-ministro de quatro sucessivos governos provisórios, de Julho 1974 a Julho 1975.
Viveu as tentativas de golpes contra-revolucionários do “28 de Setembro de 1974” e do “11 de Março de 1975”, assim como importantes acontecimentos com eles relacionados, tanto na esfera civil como na militar.
Sempre se afirmou como um «patriota descomprometido com os partidos mas não com as ideias». Considerado geralmente como pertencente ao grupo dos militares próximos do PCP, perdeu toda a sua influência na sequência do movimento contra-revolucionário do “25 de Novembro de 1975”.
Como primeiro-ministro, foi o mentor da reforma agrária, das nacionalizações (bancos, seguros, transportes públicos, Siderurgia, etc.), do salário mínimo para os funcionários públicos, do subsídio de férias (13º mês) e do subsídio de Natal. A sua honestidade e honradez nunca foram postas em causa.
O seu protagonismo durante os acontecimentos do “Verão Quente” de 1975 levou os apoiantes do “Gonçalvismo”, na pessoa de Carlos Alberto Moniz, a comporem uma canção em que figurava o seu nome: «Força, força, companheiro Vasco, nós seremos a muralha de aço!».
Depois da vitória eleitoral do Partido Socialista, foi afastado do governo e do exército. Aparecia regularmente em manifestações de esquerda e de carácter sindical.
Morreu aos 83 anos, quando nadava numa piscina, em casa de um irmão, aparentemente devido a uma síncope. O seu funeral constituiu uma inequívoca e impressionante demonstração de carinho de uma parte significativa da população.
O seu nome e a sua vida ainda hoje continuam a despertar sentimentos profundamente opostos junto de diferentes grupos da população, sendo naturalmente acarinhado nas regiões mais firmemente de esquerda e, em particular, na grande Lisboa, na Península de Setúbal e no Alentejo.

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