domingo, 11 de novembro de 2012

EFEMÉRIDE – Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque, oficial de cavalaria português que ganhou grande fama por ter protagonizado a captura do “imperador” Gungunhana em Chaimite (1895) e pela condução da campanha de “pacificação” de Moçambique, nasceu na Batalha em 11 de Novembro de 1855. Morreu em Lisboa no dia 8 de Janeiro de 1902. Foi uma das mais brilhantes figuras militares portuguesas e um dos mais notáveis administradores coloniais.
A espectacularidade da captura de Gungunhana fez de Mouzinho de Albuquerque, apesar de alguma contestação ao seu comportamento ético, uma figura muito respeitada na sociedade portuguesa dos finais do século XIX e inícios do século XX. Era visto pelos “africanistas”, como esperança e símbolo máximo da reacção portuguesa à ameaça que o expansionismo das grandes potências europeias da altura constituía para os interesses portugueses em África. Foi governador do distrito de Gaza e governador-geral de Moçambique, cargo de que resignou em 1898, ano em que voltou a Portugal.
Descendente de uma família nobre e destinado a seguir a carreira militar, Mouzinho de Albuquerque – depois dos estudos preparatórios – assentou praça como voluntário no Regimento de Cavalaria n.º 4, frequentando depois a Escola Politécnica para ingresso na Escola do Exército. Terminou o curso em 1878, sendo promovido a alferes. No ano seguinte, matriculou-se nas Faculdades de Matemática e Filosofia da Universidade de Coimbra. Em 1882, adoeceu, facto que o impediu de frequentar o 4.º ano da universidade e o obrigou a regressar a Lisboa, onde permaneceu inactivo durante dois anos.
Em 1884, foi promovido a tenente e nomeado regente de estudos no Colégio Militar. Dois anos depois, partiu para a Índia a fim de ocupar um lugar na fiscalização dos Caminhos-de-Ferro de Mormugão e, em 1888, foi nomeado secretário-geral do governo do Estado da Índia. Em 1890, foi promovido a capitão e nomeado governador do distrito de Lourenço Marques (hoje Maputo), cargo que ocupou até 1892, altura em que voltou a Lisboa.
O ano de 1894 marcou o regresso de Mouzinho de Albuquerque às colónias, desta vez comandando um esquadrão de Lanceiros que se iria juntar às forças da expedição militar que tinha por objectivo dominar as rebeliões indígenas no sul de Moçambique. Foi aí que Mouzinho de Albuquerque se destacou, nomeadamente na campanha que levaria à prisão de Gungunhana.
Em Janeiro de 1896, Gungunhana e os restantes prisioneiros foram entregues oficialmente, em Lourenço Marques, por Mouzinho de Albuquerque ao governador-geral da colónia para, dias mais tarde, serem enviados para Lisboa por ordem expressa do ministro da Marinha e Ultramar.
Depois daquele êxito militar, que granjeou numerosas manifestações de apoio em Portugal e ampla cobertura na imprensa internacional, Mouzinho de Albuquerque foi nomeado governador-geral de Moçambique em Março de 1896.
Depois de comandar durante o ano de 1897 as operações de ocupação colonial de Moçambique, Mouzinho de Albuquerque partiu para Portugal em 18 de Novembro com o intuito de resolver pessoalmente com o governo de Lisboa questões relacionadas com a administração e o desenvolvimento económico da colónia de Moçambique, nomeadamente a concessão de um empréstimo que lhe permitisse proceder a algumas reformas. Chegou a Portugal em 15 de Dezembro de 1897, tendo sido recebido de forma muito calorosa. Após algum tempo de repouso, viajou pela Europa (Grã-Bretanha, Irlanda, França e Alemanha), onde foi orador convidado, em diversas sociedades de geografia, com palestras que tiveram grande eco na imprensa.
Em Abril de 1898, voltou a Moçambique sem levar qualquer resultado prático da sua presença na Metrópole mas, em Julho, recebeu finalmente a notícia de que tinha sido concedido o tão esperado empréstimo. No entanto, no mesmo dia, foi informado da decisão de pôr fim ao seu mandato, o que o levou a apresentar, de imediato, a demissão.
Mouzinho de Albuquerque veio então para Lisboa, sem ter realizado aquilo a que se tinha proposto, apesar de ter conseguido implementar algumas obras de fomento, bem como ter dado um importante impulso às receitas públicas, em boa parte através da imposição de pesados tributos sobre os povos locais, o que seria fonte de grandes conflitos e numerosas revoltas nos anos seguintes.
Recebeu inúmeras condecorações de que se salientam: Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, Comendador da Ordem Militar de Avis, Grã-Cruz da Ordem do Império Colonial, Comendador da Ordem da Águia Vermelha da Prússia, Comendador da Ordem de São Maurício e São Lázaro de Itália, Comendador da Ordem de São Miguel e São Jorge da Grã-Bretanha e Irlanda (com o inerente título de Sir, que não podia usar por ser estrangeiro), Comendador da Ordem de Leopoldo I da Bélgica, Comendador da Ordem de Carlos III de Espanha e Oficial da Legião de Honra de França.
Entre outros postos, foi ajudante de campo do rei D. Carlos I, oficial mor da Casa Real e instrutor do príncipe D. Luís Felipe. A sua posição crítica face à política e aos políticos da sua época e os rumores sobre o seu comportamento desumano durante as campanhas em África, levaram a que fosse progressivamente ostracizado e envolvido num crescente clima de intriga. Incapaz de resistir, pela sua própria formação militar rígida e pelo feitio orgulhoso, ao clima gerado acerca do seu comportamento e à decadência em que a monarquia agonizava, Mouzinho de Albuquerque preparou minuciosamente a sua morte, suicidando-se no interior de uma viatura na Estrada das Laranjeiras. Foi designado, mais tarde, patrono da Arma de Cavalaria.

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