quinta-feira, 29 de novembro de 2012

EFEMÉRIDEManuel de Brito, um dos primeiros e grandes galeristas e livreiros portugueses do século XX, morreu em Lisboa no dia 29 de Novembro 2005. Nascera no Rio de Janeiro em 1928.
Foi gerente da Livraria Escolar Editora (1945/1960), a mais completa na área de literatura científica em Portugal. Nela se iniciou como editor. Fundou em 1960, uma livraria no Campo Grande, junto da Cidade Universitária. Desde logo se tornou um centro de atenções, não só como fornecedor actualizado de obras especializadas e de interesse cultural, mas também como personalidade solidária com o movimento estudantil dos anos 1960. A sua livraria tornou-se um ponto de encontro para estudantes, artistas e intelectuais. Bateu-se contra as proibições e apreensão de livros que a Censura do regime de Salazar ordenava. Editou vários livros de arte e de poesia e apoiou estudantes universitários, na execução das suas teses de mestrado e doutoramento.
Iniciou em 1964 a sua actividade profissional no mundo da arte, com a abertura da Galeria 111 em Lisboa. Começou a expor jovens artistas, alguns pela primeira vez, que seriam depois reconhecidos como dos mais importantes da arte portuguesa de então. Em 1971, abriu uma sucursal no Porto, a Galeria Zen. Ao longo da vida, reuniu cerca de 2 000 obras de arte, desenho, pintura e escultura, uma das maiores e mais importantes colecções do país.
Aprofundou os seus conhecimentos com um relacionamento regular com Almada Negreiros, Eduardo Viana, Abel Manta e Carlos Botelho, entre outros. Colaborou em exposições de arte portuguesa com a Fundação Calouste Gulbenkian, a Sociedade Nacional de Belas Artes, a Secretaria de Estado da Cultura, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Centro Cultural de Belém, a Presidência da República, a Fundação de Serralves e diversas Casas de Cultura e Câmaras Municipais. Colaborou também com o Museu do Louvre de Paris e o Museu Picasso de Barcelona.
Fez visitas de estudo aos principais Museus da Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, China, Dinamarca, Egipto, Espanha, Estados Unidos da América, França, Grécia, Holanda, Itália, Inglaterra, Irlanda, Jugoslávia, Marrocos, Noruega, Rússia e Suíça. Visitou regularmente a Bienal de São Paulo, a Bienal de Veneza e a Documenta de Kassel. Participou em feiras de arte portuguesas e internacionais.
Foi comissário de exposições internacionais na Universidade Hispano-Americana Santa Maria de La Rabida em Huelva, no Museu da Cidade de Madrid, na Cidade Proibida e no Museu de Arte Moderna de Pequim, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (várias vezes) e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Também em Macau, no Leal Senado, na Fundação Oriente e no Museu Camões (cerca de duas dezenas de vezes, sendo a última já a convite do Governo Chinês, em 2002).
Em 1985, dirigiu o sector de exposições da Direcção Geral da Comunicação Social no Palácio Foz, em Lisboa. Sob a sua orientação foram recuperadas as salas de exposições que estavam degradadas. Em 1994, apresentou a sua colecção pessoal no Museu do Chiado, no âmbito da “Lisboa 94 – Capital Europeia da Cultura”. Esta exposição foi posteriormente apresentada em Macau, São Paulo e Rio de Janeiro. Foi consultor do programa “Acontece” de Carlos Pinto Coelho (RTP) de 1995 a 2003 (data em que terminou).
Um ano após o falecimento de Manuel de Brito, o seu património ficou exposto no renovado Palácio dos Anjos, em Algés, fruto de um protocolo celebrado entre a família do galerista e a Câmara Municipal de Oeiras.
Manuel de Brito assumiu em Portugal um papel preponderante como agente cultural, sobretudo após a Revolução dos Cravos e a queda da ditadura. Entre as condecorações recebidas, salientam-se as de Comendador da Ordem da Liberdade em 1985, Comendador da Ordem do Infante D. Henrique em 1994, Mérito Cultural atribuída pelo Governo Português no mesmo ano e Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique em 2005.

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