domingo, 17 de fevereiro de 2013

17 DE FEVEREIRO - CONCHITA CINTRÓN

EFEMÉRIDE Conchita Cintrón, de seu verdadeiro nome Concepción Cintrón Verril, cavaleira tauromáquica peruana, morreu em Lisboa no dia 17 de Fevereiro de 2009. Nascera em Antofagasta, no norte do Chile, em 9 de Agosto de 1922. É ainda hoje considerada como a mais famosa toureira da história da tauromaquia. Nas arenas, Conchita mostrava uma especial graça, estilo e ousadia.
O pai era porto-riquenho de origem espanhola e a mãe norte-americana de origem irlandesa. Tinha menos de 3 anos, quando a família se mudou para Lima, no Peru, onde passou a sua infância e juventude e se iniciou nas artes tauromáquicas. Aos 11 anos, ingressou na escola de equitação do cavaleiro português Ruy Zarco da Câmara, que estava nessa época radicado no Peru e se tornou assim o seu professor de equitação.
Estreou-se em público na Praça de Touros de Acho, em Lima, numa festa de beneficência, em Janeiro de 1936, portanto com catorze anos, actuando como toureira. Em Julho de 1938, começou a sua carreira profissional, também na capital do Peru. Após uma visita a Portugal, foi convidada para actuar no México, o que veio a acontecer na Praça de Touros de El Toreo em Agosto de 1938, tendo impressionado os espectadores e os críticos taurinos.
Em 1940, na Cidade do México, foi colhida e desmaiou. Levada para a enfermaria, ao voltar a si, recusou ser operada e voltou à arena onde matou o touro com uma única estocada, tendo seguidamente voltado a desmaiar. Conchita passou a ser cabeça de cartaz no México, em Portugal, em França, na Venezuela e na Colômbia. Só no México, actuou em mais de 200 corridas entre 1939 e 1943.
Em Espanha, onde existia uma lei que proibia as mulheres de tourear a pé, «por receio de que uma cornada as pudesse desnudar em plena praça», Conchita enfrentou enormes dificuldades para actuar. No entanto, a popularidade já alcançada permitiu que ela se apresentasse ao público espanhol na Praça da Real Maestranza de Sevilha, em Abril de 1945.
Conchita pretendia que a última corrida da temporada de 1945, em Jaén, fosse também a última da sua carreira. Nessa corrida, alternou com os matadores Manolo Vázques e António Ordoñez. Após lidar o touro a cavalo, solicitou autorização ao director de corrida para desmontar e lidar o touro a pé, autorização que lhe foi negada, tendo o director ordenado a sua saída da arena e mandado um novilheiro matar o touro. Conchita desmontou então do cavalo, agarrou numa espada e numa muleta e avançou para o touro, lidando-o e entrando a matar, tendo no entanto apenas simulado a estocada e feito uma festa ao touro com a mão. Os espectadores entraram em delírio, lançando-lhe os seus chapéus e muitas flores. Conchita saiu da arena, tendo sido imediatamente detida pelas autoridades por violação da lei. Devido aos enormes protestos dos espectadores e temendo uma rebelião popular, o Governador da província de Jaén, emitiu um perdão e mandou libertá-la.
Actuou ainda uma última vez em Outubro de 1950, em Bordéus, pondo fim a uma carreira de catorze anos. Casou com Francisco de Castelo Branco, sobrinho do seu mestre Ruy Zarco da Câmara, naturalizou-se portuguesa e radicou-se em Portugal na Quinta do Índio, próximo de Setúbal. Dedicou-se a escrever as suas memórias, ao jornalismo como correspondente de jornais latino-americanos e à criação de cães perdigueiros. No início dos anos 1960, o sucesso dos cães da Quinta do Índio chamou a atenção de Vasco Bensaúde, grande comerciante, armador e criador de cães, que – trinta anos antes – tinha começado, no seu canil Algarbiorum, a salvar a raça do cão de água português, que estava em vias de extinção. Não tendo herdeiros interessados no seu canil, Bensaúde legou-o a Conchita, que se dedicou assim, a partir de 1967, à criação desta raça rara, tendo registado o canil com o nome Al-Gharb. Conchita, aproveitando os seus inúmeros contactos, bem relacionados nos meios da alta sociedade norte-americana, divulgou a raça naquele país com grande sucesso.
Conchita continuou a ser uma referência para as mulheres que tentavam singrar no mundo taurino. Apesar de já não poder actuar, foi madrinha da alternativa de Marie Sara, em Nîmes. Tinha então 70 anos. Em Agosto de 1995, o governo português atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Cultural

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