terça-feira, 19 de novembro de 2013

19 DE NOVEMBRO - MÁRIO BARRADAS



EFEMÉRIDEMário de Melo dos Santos Barradas, encenador e actor teatral português, morreu em Lisboa no dia 19 de Novembro de 2009. Nascera em Ponta Delgada, em 7 de Agosto de 1931. Foi uma das figuras mais marcantes do panorama teatral português, após a Revolução dos Cravos (1974).
Mário Barradas começou a interessar-se pelo teatro quando estudava no Liceu Nacional Antero de Quental, em Ponta Delgada. Entre 1949 a 1954, licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa e, em 1954, fez a sua primeira encenação com a peça “O Mestre-escola” de Keita F., um grande poeta da Guiné Conacri, com tradução de Mário Pinto de Andrade. Entretanto, declamava poemas em diversos locais: Casa dos Estudantes do Império, Cooperativa dos Trabalhadores de Portugal, etc.
Em 1956, como militar, partiu para Timor e aí montou também alguns espectáculos, entre os quais “A Farsa de Mestre Pathelin” de autor anónimo do século XV.
Em 1962, partiu para Moçambique, onde fundou o Teatro de Amadores de Lourenço Marques e, até Abril de 1969, montou e interpretou 19 textos de teatro de Giraudaux, Cervantes, Lorca, Brecht e outros dramaturgos. Exerceu advocacia nesse período.
Em Outubro de 1969, com uma bolsa da Fundação Gulbenkian, ingressou – como aluno – na Escola Superior de Arte Dramática do Teatro Nacional de Estrasburgo, onde – em 1971 – foi convidado para professor assistente. Em Junho de 1972, a convite da Dra. Madalena Perdigão, dirigiu o espectáculo final dos primeiros alunos da “nova reforma” do Conservatório Nacional, tendo – a partir de Outubro – passado a dirigir o mesmo conservatório.
Ligou-se entretanto ao grupo de teatro independente Os Bonecreiros. A partir de Maio de 1974, iniciou – com Norberto Ávila – a preparação da primeira Companhia da Descentralização Teatral em Portugal e, em Janeiro de 1975, fundou o Centro Cultural de Évora, mais tarde Centro Dramático de Évora, com sede no Teatro Garcia de Resende.
Encenou entretanto espectáculos em Viana do Castelo, Porto, Braga, Vila Real de Trás-os-montes, Covilhã, Coimbra, Açores e em diversos outros locais. Dirigiu cursos de formação de actores em inúmeras localidades do país. Em Évora, fundou – com o encenador Luís Varela – a Escola de Formação Teatral.
Encenou e interpretou textos de Aristófanes, Molière, Corneille, Mérimée, Büchner, Marivaux, Shakespeare, Goldoni, Tchekov, Gil Vicente, Sá de Miranda, Chiado, Garrett, Raul Brandão, etc. Fundou o Teatro da Malaposta, com José Peixoto e José Martins.
Foi presidente do IPAE, indigitado em 1997 pelo professor Manuel Maria Carrilho, cargo de que se veio a demitir. Foi director da revista “Adágio”. Com a sua acção, Mário Barradas deu um contributo activo e fundamental para o desenvolvimento do panorama teatral português durante décadas, razão pela qual recebeu a Medalha de Ouro da Cidade de Évora, a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura e, em 1987, foi agraciado pelo presidente da República com a Comenda da Ordem do Mérito Cultural.
A sua morte inesperada impediu-o de concretizar o último projecto em que trabalhou com grande entusiasmo: a encenação de “Troilus e Créssida” de William Shakespeare, co-produção entre a Companhia de Teatro de Almada, a Companhia de Teatro do Algarve e a Companhia de Teatro de Braga, cuja estreia estava prevista para Abril de 2010. Em sua substituição e em sua homenagem, a peça foi encenada pelo actor e encenador suíço Michel Kullemann, com cenografia e figurinos de Christian Ratz, cenógrafo francês do Teatro Nacional de Estrasburgo.
Na autobiografia que escreveu, pode ler-se o seguinte período, já na parte final: «Duas últimas observações. Partilho a ideologia marxista-leninista e tenho nojo daquilo em que Portugal se está a transformar. Sou um homem de teatro, actor e encenador, mas nunca me misturei com o que considero o gosto do dinheiro, o facilitismo e a falta de rigor».

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