domingo, 3 de novembro de 2013

3 DE NOVEMBRO - LAIKA



EFEMÉRIDELaika, uma cadela russa que se tornou célebre por ser o primeiro ser vivo colocado em órbita à volta da Terra, morreu em 3 de Novembro de 1957. Nascera, provavelmente, em 1954.
Foi lançada no espaço a bordo da nave soviética Sputnik 2, em 3 de Novembro de 1957, um mês depois do lançamento do satélite Sputnik 1, o primeiro objecto artificial a entrar em órbita. Laika é o nome russo dado a várias raças de cães rafeiros parecidos com os huskys, cães oriundos da Sibéria. A sua raça verdadeira é desconhecida, mas considera-se que teria sido resultado do cruzamento de um husky com um terrier. Laika morreu entre cinco a sete horas depois do lançamento. A causa de sua morte, que só foi revelada décadas depois do voo, foi – provavelmente – uma combinação de stress e sobreaquecimento, talvez ocasionado por uma falha no sistema de controlo térmico da nave. Apesar do acidente, esta experiência demonstrou que era possível a um animal suportar as condições de micro gravidade, abrindo assim caminho para a participação humana em voos espaciais.
A nave estava equipada com instrumentos para medir a radiação solar e os raios cósmicos, um sistema para gerar oxigénio e sistemas para absorver dióxido de carbono e evitar o envenenamento por oxigénio, também conhecido como o efeito “Paul Bert”. Fora também instalado um ventilador, que se ligaria quando a temperatura na nave superasse os 15 °C. Além disso, o satélite foi provido com comida, em forma de gelatina, suficiente para um voo de vários dias.
O animal foi equipado com uma bolsa para armazenar os seus dejectos. A sua frequência cardíaca podia ser monitorizada na base espacial e outros instrumentos mediam o ritmo respiratório, a pressão arterial e os seus movimentos básicos. Laika era uma cadela que vivia à solta nas ruas de Moscovo, pesava aproximadamente seis quilos e tinha três anos de idade. Antes do lançamento do Sputnik 2, tanto a União Soviética como os Estados Unidos já tinham lançado animais vivos em voos suborbitais.
O treino de Laika e algumas companheiras, a cargo do cientista Oleg Gazenko, consistiu em acostumar os cães ao ambiente que encontrariam na viagem, como o espaço reduzido da cápsula, os ruídos, as vibrações e as acelerações. Como parte do treino, a aceleração das descolagens era simulada através da força centrífuga imposta na cápsula onde os animais se introduziam. O mesmo processo seria utilizado mais tarde no treino dos cosmonautas soviéticos.
Em 31 de Outubro de 1957, três dias antes do lançamento, Laika foi colocada no Sputnik 2, no Cosmódromo de Baikonur, no actual Cazaquistão. Dado que as temperaturas no local de lançamento eram extremamente baixas, a cápsula requereu conservação térmica, através de aquecimento externo. Dois assistentes estavam encarregados de vigiar Laika constantemente, antes do começo da missão.
Quando do lançamento, os sinais vitais da Laika foram seguidos telemetricamente pelo controlo em terra. Ao alcançar a máxima aceleração depois da descolagem, o ritmo respiratório do animal aumentou de três a quatro vezes em relação ao normal e a sua frequência cardíaca passou de 103 para 240 batidas por minuto. Ao entrar em órbita, a ponta cónica do Sputnik 2 desprendeu-se com sucesso. A outra secção da nave, que deveria desprender-se, não o fez, impedindo que o sistema do controlo térmico funcionasse correctamente. Parte do isolamento térmico desprendeu-se, fazendo com que a cápsula alcançasse uma temperatura interior de 40 °C. Após três horas de micro-gravidade, o pulso de Laika havia descido para 102 batimentos por minuto. Esta descida na frequência cardíaca tinha levado três vezes mais tempo que o experimentado durante os treinos, o que indicava o alto stress em que estava a cadela. Os dados telemétricos iniciais mostraram que, apesar de agitada, Laika estava a alimentar-se normalmente. A recepção de dados vitais parou entre cinco e sete horas depois da descolagem.
Entretanto, Moscovo tinha dado a conhecer que o animal se comportava com calma e que dentro de poucos dias desceria à Terra, primeiro na sua cápsula espacial e depois em pára-quedas. O Sputnik 2 não estava, porém, preparado para regressar à Terra de forma segura, pelo que já se sabia que Laika corria o sério risco de não sobreviver à viagem.
Em Outubro de 2002, o cientista Dimitri Malashenkov, que participou no lançamento do Sputnik 2, revelou que Laika havia morrido cinco a sete horas depois da descolagem, devido a stress e sobreaquecimento. Fez esta declaração num artigo que apresentou no Congresso Mundial do Espaço em Houston. O Sputnik 2 acabou por explodir (juntamente com os restos de Laika) ao entrar em contacto com a atmosfera em 14 de Abril de 1958, após 163 dias e 2.570 órbitas em volta da Terra. Depois de Laika, nenhuma outra missão com animais foi lançada sem que existisse um sistema para um regresso seguro.
No Reino Unido, a Liga Nacional de Defesa Canina pediu para os donos de cães guardarem um minuto de silêncio em homenagem a Laika. A sua curta viagem transformou-a num dos cães mais famosos do mundo. Em 1997, na Cidade das Estrelas, foi inaugurada uma placa em homenagem aos cosmonautas mortos. Laika está aí representada. Um baixo-relevo que a representa está também no Monumento aos Conquistadores do Espaço em Moscovo, desde 1964. Em vários países, foram emitidos selos de correio com a imagem da Laika, comemorando o seu voo.
Em Abril de 2008, foi inaugurado um monumento em sua honra no centro de Moscovo. O monumento foi colocado numa alameda perto do Instituto de Medicina Militar, onde tinham decorrido – há mais de meio século – as experiências científicas com a participação da célebre cadela. A figura de bronze, com dois metros de altura, representa um dos segmentos de um foguete espacial, que se transforma numa mão humana, sobre a qual repousa o corpo de Laika.

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