sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

13 DE FEVEREIRO - HIPÓLITO RAPOSO

EFEMÉRIDE – José Hipólito Vaz Raposo, advogado, escritor, historiador e político monárquico, que se notabilizou como um dos mais destacados dirigentes do Integralismo Lusitano, nasceu em São Vicente da Beira no dia 13 de Fevereiro de 1885. Morreu em Lisboa, em 26 de Agosto de 1953.
Nascido numa antiga vila em plena Serra da Gardunha, em 1902 foi estudar para o Seminário da Guarda, que abandonou pouco depois para se matricular no Liceu de Castelo Branco, onde conclui o ensino secundário. Ingressou de seguida no curso de Direito na Universidade de Coimbra, que concluiu em 1911. Frequentou também aulas de Grego (1907/08), na Faculdade de Teologia.
Com interesse pela escrita, ainda era estudante liceal e já colaborava com os semanários da província. Em Coimbra, escreveu crónicas semanais para o “Diário de Notícias”. Ainda estudante, publicou os livros “Coimbra Doutora” (1910) e “Boa Gente” (1911).
Durante a sua estadia em Coimbra, fez parte do Centro Académico de Democracia Cristã. Terminado o curso, enveredou pelo ensino, sendo professor no Conservatório Nacional de Lisboa e no Liceu Passos Manuel, também em Lisboa, cidade onde se fixou.
Em 1914, foi um dos fundadores do movimento político-cultural auto-intitulado Integralismo Lusitano, em colaboração com António Sardinha, Luís de Almeida Braga, José Pequito Rebelo e Alberto Monsaraz, um grupo de monárquicos que incluía alguns antigos colegas do curso de Direito da Universidade de Coimbra. No mesmo ano, foi um dos fundadores da revista “Nação Portuguesa”, órgão do movimento integralista. Também colaborou nas revistas “O Ocidente”, “Serões”, “Contemporânea”, “Atlântida” e “Revista municipal” Foi director do periódico “A Monarquia”, à frente do qual teve um papel relevante no Pronunciamento Monárquico de Monsanto, ocorrido em 1919. Tendo conseguido escapar à prisão e à consequente e inevitável condenação, foi no entanto demitido de todos os cargos públicos que ocupava, em consequência da “Lei do Afasta”, que previa o saneamento de funcionários públicos «contrários ao regime». Em 1920, foi julgado no Tribunal Militar de Santa Clara, por “crime de imprensa” e condenado a três meses de prisão no Forte de São Julião da Barra.
Cumprida a pena de prisão, partiu para Angola (1922/23), onde exerceu advocacia em Luanda. Nessa época, era Alto Comissário da República Norton de Matos, com quem conviveu.
De regresso a Portugal, continuou a exercer a profissão de advogado e afirmou-se como líder destacado e ideólogo do Integralismo Lusitano, publicando em 1925 o ensaio “Dois nacionalismos”, defendendo a existência de uma distinta matriz doutrinária no Integralismo Lusitano e no nacionalismo francês da “Action française”.
Em 1926, foi reintegrado no cargo de professor do Conservatório Nacional de Lisboa. Durante os governos ditatoriais, destacou-se como um dos principais ideólogos do Integralismo Lusitano, com particular destaque para a conferência que intitulou “A Reconquista das Liberdades”, pronunciada em Lisboa em 1930 e editada depois sob a forma de opúsculo, onde sintetizou o programa político do Integralismo, desfazendo a miragem do messianismo salazarista que então emergia.
Coerente com a sua oposição ao salazarismo, em 1930 recusou colaborar com a União Nacional, defendendo que essa devia ser a posição dos monárquicos, e opôs-se à institucionalização do Estado Novo. Em 1940, publicou a obra “Amar e Servir”, na qual denunciou de forma virulenta a “Salazarquia”, um duro ataque a Salazar que lhe valeu ser de novo demitido de todos os cargos públicos que ocupava. Foi imediatamente deportado para os Açores. Aproveitou o seu exílio involuntário nos Açores para escrever uma das melhores obras de literatura de viagens sobre o arquipélago, “Descobrindo Ilhas Descobertas”, originariamente publicada no jornal “A Ilha”, de 1940 a 1941, sendo depois editada em livro em 1942. Voltou a ser reintegrado na função pública em 1951.
Coerente com as suas convicções, em 1950 foi um dos subscritores do manifesto “Portugal restaurado pela Monarquia”, uma tentativa de reactualização doutrinária do movimento integralista.
Hipólito Raposo foi sócio do Instituto de Coimbra e da Associação dos Arqueólogos Portugueses. Morreu aos 68 anos de idade. 

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