domingo, 21 de junho de 2015

21 DE JUNHO - CARLOS SCLIAR

EFEMÉRIDECarlos Scliar, desenhador, gravador, pintor, ilustrador, cenógrafo e designer gráfico brasileiro, nasceu em Santa Maria no dia 21 de Junho de 1920. Morreu no Rio de Janeiro em 28 de Abril de 2001.
Participou em muitas exposições no Brasil e no estrangeiro, alcançando sempre grande sucesso. Activista social, militou em vários acontecimentos, como o 1º Congresso da Juventude Democrática, na Checoslováquia, e em manifestações brasileiras, produzindo sobretudo cartazes ou ilustrando livros e revistas.
Apaixonou-se pela serigrafia, em cuja técnica desenvolveu várias séries. Aliás, uma das importantes características de Carlos Scliar era a sua capacidade de inovar, buscando novos materiais, que lhe servissem de base, e as técnicas mais variadas, desde a têmpera até ao acrílico, passando pelas artes gráficas. Pintou quadros, mas também fez murais e até ilustrou vários bilhetes da Lotaria Federal.
Nascido numa família judaica, desde cedo revelou tendência para a comunicação, desenho e pintura. Aos onze anos, começou a publicar os seus primeiros artigos ilustrados e, aos catorze, teve as primeiras aulas de arte com o pintor austríaco Gustav Epstein.
Em 1935, já a morar em Porto Alegre, participou na Exposição do Centenário Farroupilha. Em 1938, num ambiente de contestação aos cânones do neoclassicismo e à arte oficial desenvolvida pela Escola de Belas Artes, juntou-se a João Fahrion e fundaram a Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, da qual ele foi eleito secretário.
Em 1940, mudou-se para São Paulo, onde – com Rebolo e os artistas do Grupo Santa Helena – passou a integrar a Família Artística Paulista, que também era um movimento de contestação aos “académicos”. No mesmo ano, tornou-se colaborador da “Revista Cultura” e realizou a sua primeira mostra individual. Animado com o sucesso obtido pela Família Artística Paulista numa exposição realizada no Rio de Janeiro, Scliar inscreveu-se no Salão Nacional de Belas Artes, onde conquistou uma medalha de prata.
Em 1943, foi convocado para a Força Expedicionária Brasileira e seguiu para o Rio de Janeiro. Nessa ocasião, conheceu a pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva e o seu marido, o pintor Árpád Szenes, que se encontravam no Brasil como refugiados de guerra.
Em 1944, seguiu para Itália num agrupamento comandado pelo general Cordeiro de Farias, só regressando ao Brasil em Julho de 1945. Ao voltar, trouxe consigo profundas recordações da sua passagem pelos campos de batalha. Observador atento, desenhou casas e imagens do norte de Itália, que seriam exibidas no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Porto Alegre. Também se retratou a si mesmo e a outros companheiros do exército.
Viajou para Paris em 1947, onde participou intensamente nos movimentos de defesa da paz entre os povos. A sua intenção era ficar lá para sempre, quando percebeu que, apesar de ser filho de imigrantes judeus, a sua arte era genuinamente brasileira. Além de França, percorreu a Itália, a Checoslováquia, a Polónia, Portugal e outros países, com a sua atenção voltada então, particularmente, para a gravura e as artes gráficas.
Voltou ao Brasil em 1950, fixando-se em Porto Alegre em busca das suas raízes. Além de se dedicar à pintura e à gravura, iniciou uma nova fase na sua carreira, participando em actividades na imprensa. Participou também na criação do Clube de Gravura de Porto Alegre, embrião que se espalhou pelo país e até pelo estrangeiro. Em Porto Alegre, integrou a equipa que formulou a feição gráfica da revista “Horizonte”. No Rio e em São Paulo, colaborou noutros empreendimentos gráficos, como o lançamento da revista “Senhor”, da qual se tornou director artístico. Dedicou-se igualmente à execução de ilustrações para livros, entre os quais alguns romances de Jorge Amado. A peça “Orfeu da Conceição” de Vinicius de Moraes foi lançada em edição comemorativa de luxo em 1956, ilustrada por Carlos Scliar. Mais tarde, alternaria a sua permanência entre Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Ouro Preto.
A partir de 1960, passou a viver exclusivamente da pintura, realizando inúmeras mostras individuais com trabalhos criados nos seus ateliers de Cabo Frio, onde tinha passado a morar, e de Ouro Preto. Activista, engajou-se na defesa da preservação das dunas das praias, da reserva de pau-brasil fluminense e do casario da cidade histórica mineira. Em 1962, fundou a editora Ediarte, com Gilberto Chateaubriand, José Paulo Moreira da Fonseca, Michel Loeb e Carlos Nicolaievski.
Na década de 1970, produziu painéis para o Museu Manchete no Rio de Janeiro, para a Prefeitura de Porto Alegre, para o Centro Administrativo de Salvador e para a Imprensa Oficial do Rio de Janeiro, em Niterói.
As obras de Carlos Scliar podem ser vistas em acervos de museus e colecções, tanto no Brasil como noutros países. Quando morreu, foi cremado e as suas cinzas lançadas no Canal do Itajuru, em Cabo Frio. Diante da casa onde viveu em Cabo Frio, foi erigida uma estátua em sua homenagem.

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