domingo, 31 de julho de 2016

31 DE JULHO - ÁLVARO LAPA

EFEMÉRIDEÁlvaro Carlos Dinis Lapa, pintor e escritor português, nasceu em Évora no dia 31 de Julho de 1939. Morreu no Porto em 11 de Fevereiro de 2006. Em 1947, após a prisão do pai por razões políticas e o afastamento da mãe, que se viu obrigada a ir trabalhar para o Barreiro levando consigo os dois filhos mais novos, Álvaro Lapa ficou entregue aos cuidados dos padrinhos.
Durante a sua formação académica, recebeu lições de António Charrua, para melhorar a sua classificação na disciplina de Desenho (1950). Foi aluno de Vergílio Ferreira nos 6º e 7º anos (1951/52), o que o levou a iniciar-se na poesia.
Concluído o liceu em 1956, veio continuar os estudos em Lisboa, na Faculdade de Direito. Publicou durante este período um texto sobre Kafka no “Boletim da Associação de Estudantes da Faculdade” e participou na “Missão Internacional de Arte” em Évora (1958), promovida por Júlio Resende e apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian. Foi neste evento que contactou com o expressionismo abstracto, através do artista convidado Theo Appleby.
Acabou por abandonar o curso de Direito (1960) para ingressar em Filosofia, tendo neste período (1962) viajado até Paris, onde contactou com artistas próximos do surrealismo e com a emergente arte americana. Foi também em 1962 que começou a pintar.
Ainda em 1962, leccionou a disciplina de Português no Ensino Técnico de Estremoz e casou com uma colega da faculdade, Maria Helena Azevedo. Foi afastado da função pública em 1963, por suspeita de ser um activista de esquerda.
Em 1964, expôs pela primeira vez individualmente, na Galeria 111, em Lisboa. No ano seguinte, nasceu o seu segundo filho e mudou-se para Lagos, onde viveu até 1970, retomando a convivência com o escultor e amigo João Cutileiro.
Em 1968, nasceu mais uma filha e recebeu o seu primeiro prémio de pintura na Exposição da Queima das Fitas de Coimbra. No ano seguinte, nasceu o seu quarto filho.
Com uma viagem à Escandinávia em 1970, teve a oportunidade de experimentar novas formas de arte. Um ano depois, viajou pela Europa e Norte de África. Foi neste ano também que se mudou para Lisboa e se separou de Maria Helena Azevedo.
Deambulando entre Lagos e Évora, escreveu o texto “Um pato?” para o catálogo da exposição individual de Joaquim Bravo, na Galeria Quadrante, em Lisboa (1972). No ano seguinte, teve uma crise psíquica grave com internamento em Coimbra, tendo encontrado apoio no amigo João Cutileiro. Conheceu a pintora Maria José Aguiar que, juntamente com Cutileiro, o incentivaram a mudar-se para o Porto onde passou a viver com a pintora.
Em 1974, escreveu “Raso como o chão”, que foi publicado em 1977 pela Editorial Estampa. No ano seguinte, concluiu – na Faculdade de Letras da Universidade do Porto – o curso de Filosofia e, em 1976, obteve uma bolsa da Fundação Gulbenkian. Voltou ao ensino, com uma passagem fugaz pelo Ciclo Preparatório, na Póvoa do Varzim, entrando depois como professor assistente na Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde leccionou a disciplina de Estética.
Fruto da sua relação com Maria José Aguiar, nasceu em 1980 uma filha, casando-se com a pintora um ano depois.
Conheceu em 1983 José-Augusto França, que o orientou na sua tese de doutoramento sobre o Surrealismo em Portugal.
Em 1998, os Artistas Unidos estreiam no Seixal o espectáculo “Mikado”, a partir de textos de Álvaro Lapa, Alberto Cinza e William Burroughs.
A sua única obra de arte pública foi realizada em 2003, para a decoração da estação do metro em Odivelas.
Ao longo da sua carreira conquistou várias distinções, nomeadamente o Grande Prémio EDP. O seu trabalho ao longo dos tempos evidenciou uma forte relação entre a literatura e a pintura. A sua licenciatura em Filosofia talvez justifique em parte esta ligação.
Álvaro Lapa manteve uma actividade constante, realizando inúmeras exposições em Portugal e no estrangeiro, afirmando-se como um dos pintores mais importantes da segunda metade do século XX.
Raramente deu entrevistas e às vernissages preferia o contacto directo com o público, chegando a dizer-se que foi ele próprio, na década de 1970, que vendeu as suas pinturas na antiga Feira da Vandoma, junto à Sé do Porto.
O seu nome encontra-se na lista de colaboradores da publicação académica “Quadrante” (1958/62) publicada pela Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa.

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