quinta-feira, 24 de novembro de 2016

24 DE NOVEMBRO - AHMADOU KOUROUMA

EFEMÉRIDEAhmadou Kourouma, escritor da Costa do Marfim, nasceu em Boundiali no dia 24 Novembro 1927. Morreu em Lyon (França), em 11 de Dezembro de 2003.
Ahmadou era de origem malinké, uma das várias etnias existentes em diferentes países do oeste de África. Ahmadou significa “guerreiro” no dialecto malinké. Educado por um tio, deu sequencia aos seus estudos em Bamako, no Mali. De 1950 a 1954 (durante a colonização francesa), foi “tirailleur” senegalês (corporação do exército francês composta por soldados recrutados nas colónias francesas oeste/africanas) na Indochina, antes de se mudar para França, onde estudou Matemática em Lyon.
Em 1960, após a independência da Costa do Marfim, voltou a viver no seu país natal. Começou porém, rapidamente, a ficar descontente com o regime do presidente Félix Houphouët-Boigny. Esteve preso, antes de partir para o exílio em diversos países como: Argélia (1964/69, Camarões (1974/84) e Togo (1984/94, antes de regressar à Costa do Marfim.
Em 1970, publicou o seu primeiro romance “Les soleils des indépendances”, que trouxe um olhar bastante crítico sobre os governos posteriores ao fim da colonização. Em 1988, publicou o seu segundo livro “Monnè, outrages et défis”, onde retratou um século da história colonial. Em 1998, lançou “En attendant le vote des bêtes sauvages”, narrando a história de um caçador da “tribo dos homens nus” que se torna ditador (neste livro pode reconhecer-se facilmente a figura do presidente do Togo, Gnassingbé Eyadéma, e de várias personalidades políticas africanas contemporâneas). Com este livro, venceu o Prix du Livre Inter (prémio criado em 1975 e concedido anualmente pela Rádio France Inter a obras escritas em francês).
Em 2000, foi publicado “Allah n’est pas obligé”, que conta a história de uma criança órfã do Mali que, após a morte da mãe, parte para a Libéria em busca de uma tia e, no meio do caminho, acaba por se tornar uma criança soldado. Com este livro, Kourouma ganhou os Prémios Renaudot e Goncourt dos Estudantes Liceais.
Em Setembro de 2002, a guerra civil eclodiu na Costa do Marfim e ele tomou posição contra os Ivoirité (cerca de um terço da população do país, com uma identidade cultural comum, formada essencialmente por estrangeiros) e em favor da restauração da paz no seu país. «A guerra é ma extravagância que nos conduzirá ao caos» – disse na ocasião. Foi acusado pelos jornais partidários do presidente Laurent Gbagbo de apoiar os rebeldes do norte.
Ahmadou Kourouma faleceu em 2003, quando estava trabalhar no romance “Quand on refuse on dit non”, uma sequência de “Allah n'est pas obligé”, que narra a volta de Birahima, a criança/soldado do romance anterior. O livro foi publicado postumamente em 2004.
Em 2004, o Salão Internacional do Livro de Genebra instituiu o Prémio Ahmadou Kourouma para laurear romances ou ensaios sobre a África negra.
Kourouma era casado e pai de quatro crianças. Onze anos após a sua morte, os seus restos mortais foram trasladados de Lyon para a Costa do Marfim.

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