quarta-feira, 9 de novembro de 2016

9 DE NOVEMBRO - JOSÉ ÁGUAS

EFEMÉRIDEJosé Pinto de Carvalho Santos Águas, futebolista português, avançado de centro, nasceu em Luanda no dia 9 de Novembro de 1930. Morreu em Lisboa, em 10 de Dezembro de 2000. Entre outros troféus, conquistou – em 1961 e 1962 – a Taça dos Campeões da UEFA, como capitão de equipa, em representação do SL e Benfica. Casado com Maria Helena de Jesus Lopes, falecida em 2003, teve três filhos: Lena d’Água (cantora), Cristina Maria e Rui Águas (também jogador de futebol).
Com apenas 15 anos, foi dactilógrafo na Robert Hudson, uma empresa concessionário da Ford. Tornou-se jogador da equipa da firma. Tendo em conta o talento revelado, passou depois a representar o Lusitano do Lobito. Por influência paterna, “nasceu” benfiquista. Um poster, já amarelecido pela idade, devotadamente colocado no seu quarto, dava-lhe inspiração. Em 1950, chegaram notícias da então metrópole anunciando a conquista da Taça Latina pelo Benfica, o que o entusiasmou ainda mais.
No entanto, ele nem sequer sonhava ou imaginava a hipótese de alguma vez defrontar semelhante naipe de campeões. Foi porém o que aconteceu. Depois da aludida vitória, a equipa do Benfica foi a Angola e, num dos jogos disputados, no Lobito, defrontou uma selecção local de que fazia parte José Águas. Ao saber que tinha sido seleccionado, José Águas sentiu um frémito e levou tempo a recompor-se. Custa até imaginar como deve ter ficado depois do jogo, que venceu por 3-1, com dois tentos de sua autoria. Os dirigentes benfiquistas pediram-lhe para passar no hotel onde a equipa estava alojada...
Naquela noite, olhou vezes sem conta, sempre de soslaio, por timidez até na intimidade, o velho poster que dava vida ao seu quarto. Contrato rubricado e, com os novos companheiros, partiu à conquista de outras paragens africanas. Chegou a Lisboa no dia 18 de Setembro de 1950, tendo se estreado mais tarde frente ao Atlético CP. Nunca tinha visto um campo relvado nem botas de pitões. Com apenas um treino realizado, a estreia nada teve de auspicioso. Empate a duas bolas com o Atlético, sem que os seus créditos de goleador fossem exibidos. Mas, antes que as criticas subissem de tom, na jornada imediata, com o SC de Braga, marcou quatro golos, terminando o jogo com um invejável 8-2.
Com o Benfica, José Águas viveu momentos em que a fábula e a realidade pareceram caminhar de mãos dadas. Quase se cansou de vencer, de marcar, de contagiar. Foi ele a papoila mais saltitante do hino de Piçarra e o melhor intérprete do jogo aéreo que o Benfica alguma vez teve (e Portugal também). É o segundo melhor marcador da história encarnada, depois de Eusébio.
Atravessou toda a década de 1950 com uma sistemática marcação de golos, tendo sido o melhor dos marcadores em cinco ocasiões. Levantou, triunfante, na qualidade de capitão, as duas Taças dos Campeões Europeus, sendo o artilheiro mor na primeira competição, com 11 golos, e o melhor marcador do Benfica na segunda, com 7.
Nos Campeonatos Nacionais, apontou mais golos (290) do que os jogos efectuados (282). Já não esteve presente na terceira final europeia, por opção do treinador chileno Fernando Riera. «Algum tempo depois, pediu-me desculpa por não me ter colocado a jogar. Disse-lhe que até ficara satisfeito com a actuação de Torres. Era a verdade, era a voz do meu coração de benfiquista, mas Fernando Riera parece não ter ficado muito convencido.».
Pela equipa nacional, teve 25 internacionalizações, entre Novembro de 1952 e Maio de 1962, tendo marcado 11 golos.
Ainda no apogeu da sua carreira, José Águas fez uma revelação fora do comum, confessando que vestia o equipamento de futebolista com o mesmo espírito com que o operário veste o seu fato-macaco.
Foi Campeão Nacional em 1955, 1957, 1959 e 1962 e venceu quatro Taças de Portugal (1955, 1957,1959 e 1962).
Como curiosidade, diga-se que há colaboração de sua autoria na coluna futebolística da revista de banda desenhada “Foguetão” (1961), dirigida por Adolfo Simões Müller.

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