segunda-feira, 12 de junho de 2017

12 DE JUNHO - JOSÉ MESSIAS

EFEMÉRIDEJosé Messias da Cunha, compositor, cantor, escritor, apresentador e produtor de rádio e televisão, além de jornalista, crítico musical e jurado em programas de talentos na TV, morreu no Rio de Janeiro em 12 de Junho de 2015. Nascera em Bom Jardim de Minas no dia 7 de Outubro de 1928. Foi figura de relevo na cultura artística brasileira durante várias décadas, desde a era de ouro da rádio e do início da televisão no país.
Nascido numa família pobre, mas extremamente musical (o pai e o avô eram regentes de banda; o tio era trombonista), começou ainda jovem a compor músicas para blocos de carnaval. Essa verve artística e musical iria acompanhá-lo por toda a vida nas múltiplas facetas de expressão.
Mudou-se mais tarde para Barra Mansa, levado por um parente, que o ensinou a ler e a escrever. Este parente era autodidacta, falando fluentemente Latim, Inglês, Esperanto e sendo ainda grande conhecedor da gramática Portuguesa. José Messias aprendeu também os ofícios do circo, em pequenas companhias locais, tendo actuado inclusivamente como palhaço.
Em 1945, seguiu para o Rio de Janeiro — onde viveria várias décadas — e participou em vários programas de rádio (entre os quais, “Papel Carbono”). Estudou no Liceu de Artes e Ofícios, trabalhando ainda no comércio, durante algum tempo, até ser apresentado ao compositor Herivelto Martins, de quem veio a ser secretário.
Com este trabalho e com os relacionamentos no meio artístico de então, as oportunidades começaram a surgir e José Messias chegou a substituir o Grande Otelo em vários espectáculos. Continuou a compor músicas de Carnaval e, em 1952, conseguiu que fosse gravada a “Marcha do Coça Roça”, a sua primeira grande composição, que veio a ser interpretada por Heleninha Costa. Seguiram-se, depois, várias outras interpretações de composições suas, por artistas famosos da época de ouro da rádio brasileira. Por essa altura, colaborou também em jornais e revistas.
Em 1954, o então ministro do Trabalho João Goulart nomeou-o para o Serviço de Recreação Operária, porém à disposição da Rádio Mauá, o que lhe permitiu continuar a desenvolver os seus atributos musicais.
Em 1955, estreou-se como apresentador de auditório na Rádio Mayrink Veiga. Durante dez anos, acumulou o exercício da função pública com as actividades privadas de direcção e apresentação de programas, em várias rádios emissoras no Rio de Janeiro. Identificado com a juventude da época, José Messias renovou o cenário musical de então, criando – em conjunto com Carlos Imperial e Jair de Taumaturgo – o marcante movimento de renovação e vanguarda musical que veio a ser a Jovem Guarda. Vanguardista em cultura musical, lançou no estrelato muitos cantores, por meio do seu programa “Favoritos da Nova Geração”. Figuram entre os mais conhecidos e famosos os artistas Clara Nunes, Roberto Carlos e Wanderley Cardoso. Ainda em 1955, compôs o samba “A mão que afaga”, gravado na Continental pelos Vocalistas Tropicais.
Em 1956, estreou-se em discos com a Gravadora Mocambo, gravando, de sua autoria e de Carlos Brandão, a batucada “Macumbô” e o samba “Deus e a natureza”.
Seguiram-se vários discos em diversas editoras, entre os quais o samba “O sono de Dolores” (1959) em homenagem a Dolores Duran, que acabara de falecer.
No começo dos anos 1960, foi um dos radialistas que mais apoiou o movimento ligado ao rock, prestigiando os artistas ligados à Jovem Guarda.
Actuou nas televisões Tupi, Continental, Rio e Excelsior. Na TV Tupi, participou no programa “A Grande Chance”. No SBT de São Paulo, participou, desde o ano 2000, no “Programa Raul Gil”, tendo também actuações muito frequentes nas diferentes emissoras cariocas, especialmente na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Em 2002, produziu o CD “Selecção Nota 10 De José Messias” na Warner.
Compositor desde a juventude, José Messias era sócio honorário da Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música. Foi autor de mais de duzentas composições, algumas delas tendo sido gravadas por grandes nomes da música popular brasileira, como Ângela Maria, Caetano Veloso, Clara Nunes, Marisa Monte e Roberto Carlos, entre muitos outros.
Na década de 1970, enquanto ainda trabalhava na rádio, ingressou nas duas principais emissoras de televisão cariocas, a TV Tupi e a TV Rio. Pouco depois, fez parte do júri musical mais importante da televisão brasileira de então, no famoso programa “A Grande Chance”.
Em 1972, transferiu-se para a TV Bandeirantes e para o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), produzindo e dirigindo o “Clube dos Artistas”.
No início dos anos 1980, adquiriu emissoras de rádio da Região dos Lagos e do “Jornal de Negócios”, assumindo, em 1990, a superintendência do Sistema Serramar de Comunicações, que então congregava cinco emissoras. Em 1998, foi nomeado para a Secretaria de Cultura, Educação, Desporto e Lazer de Saquarema.
Em 2002, tornou-se jurado no “Programa Raul Gil”. Além da função de jurado ilustre nos vários programas de talentos apresentados por Raul Gil, em sucessivos canais de televisão, José Messias dedicou-se também a recordar momentos marcantes da rádio e da televisão brasileiras.
José Messias da Cunha foi membro da Academia Nacional de Letras e Artes. Lançou o seu primeiro livro, “Sob a Luz das Estrelas: Somos uma Soma de Pessoas”. Na obra, ele apresenta a história da sua vida e carreira, bem como as memórias da Rádio e da Televisão no Brasil, das quais foi co-protagonista.
Morreu aos 86 anos, devido a uma assepsia abdominal. Estava internado há dez dias no Hospital Italiano, no Grajaú, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Foi sepultado no Cemitério de Saquarema, no Rio.
José Messias era Cidadão Benemérito da Cidade do Rio de Janeiro, detentor da Medalha Tiradentes e recebeu o Prémio Noel Rosa do Sindicato dos Compositores Brasileiros.

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